Naira Passoni 
O receio de embarcar em um avião, as horas intermináveis das conexões, aquele medo de que as crianças fiquem doentes, os fusos horários, os problemas com o sono e alimentação, os imprevistos no roteiro. A lista de coisas que podem transformar o prazer de uma viagem em um desafio para as famílias (e uma tortura para os pequenos) é extensa e não acaba aqui.
Mas nem pense em desistir! A chave do sucesso para uma viagem tranquila e gostosa é um bom planejamento e muita paciência para lidar com os perrengues que podem acontecer durante o trajeto.
Para o começo dessa conversa, é bom dizer que existem muitos guias de viagens e páginas especializadas para viajantes com crianças, que trazem dicas preciosas para quem planeja viajar com os próprios filhos, com filhos de amigos, sobrinhos, netos, enfim, com a garotada. Vasculhando a internet você vai encontrar muita informação e, ao final deste texto, você pode conferir alguns links interessantes. ok? 😉
Planejamento e documentação
Então, vamos ao que interessa. A não ser que você precise fazer uma viagem de última hora, por alguma questão de força maior, o ideal é planejar uma viagem com as crianças com, pelo menos, um ano de antecedência. Isso porque além de você ter a chance de conseguir um custo mais interessante para as passagens e estadias, há toda uma questão burocrática necessária para o embarque.
De acordo com o Portal Consular, a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), prevê que menores brasileiros poderão viajar ao exterior apenas se estiverem acompanhados de ambos os genitores ou, na ausência deles, com Autorização para Viagem de Menores. Além da autorização, é necessário apresentar os documentos e os passaportes da crianças. A Polícia Federal conta com um FAQ para esclarecer as dúvidas sobre a emissão de passaporte para menores de 18 anos, para quem quer dar esse primeiro passo na documentação.
Saúde e vacinas
A primeira preocupação de qualquer família é a de alguém ficar doente em trânsito ou em outro país, por isso é muito importante contratar um seguro viagem que inclui despesas médicas, ele serve como um Plano de Saúde temporário que cobre assistência médica, se necessário, e garante indenização em várias situações e acidentes. Há muitas empresas que oferecem esses seguros e os valores variam conforme a cobertura oferecida.
Analise com muita atenção qual se encaixa no perfil da sua viagem e no bolso da família. Uma coisa é certa, esse é um custo que deve ser previsto e do qual não vale a pena abrir mão. Claro que, como qualquer outro seguro, pensamos sempre em não precisar utilizá-lo, mas imagine ter que pagar atendimento médico local em Euro ou Dólar, por exemplo. Sai bem mais caro, fora a dor de cabeça, não é mesmo?
Outra prioridade é estar com a carteira de vacinação em dia. Atente às vacinas exigidas pelo país destino e verifique se é exigido por lá o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP). Neste caso, procure um posto de vacinação e apresente o comprovante de viagem para a imunização e para dar início à emissão do certificado. Isso vale também para as viagens interestaduais no Brasil que exigem vacinas específicas, lembrando que em alguns casos é necessário fazer a imunização com dez ou quinze dias de antecedência.
Outra dica importante, em se tratando de saúde, é deixar uma farmacinha ao alcance das mãos durante o voo. A professora Maria Angélica Batista, mãe da Isadora, 7, e do Miguel, 10, viaja com os filhos desde muito pequenos e conta que leva sempre a medicação básica recomendada pelo pediatra para os problemas infantis mais comuns. “Tenho receio de precisar com urgência de alguma coisa para as crianças, por isso costumo levar na bagagem de mãos o termômetro, antitérmicos, analgésicos, antialérgicos e anti-inflamatórios, basicamente”, explica. “Já aconteceu de estarmos próximos a uma viagem e a Isadora apresentar irritação na garganta, que é comum em crianças, então, além do anti-inflamatório, o médico sugeriu levarmos um antibiótico na mala e usar somente se o quadro evoluísse durante a viagem. No mais, sempre contamos com um pouco de sorte”, revela.
Como é melhor não contar com a sorte, peça ao pediatra uma listinha do que você precisa levar para garantir uma certa tranquilidade, caso apareça uma febre ou uma dor de barriga de carona no meio do caminho. Para saber detalhes sobre como embarcar com medicação, o Blog da Saúde, do Ministério da Saúde, esclarece algumas dúvidas por especialistas da Anvisa nesse post Como levar seus remédios em uma viagem internacional. Leia com atenção, principalmente se você precisar levar remédios de uso contínuo durante a sua viagem.
Conforto e entretenimento
Considere alugar um apartamento ou uma casa na cidade base onde pretendem ficar mais tempo no seu planejamento. Dessa forma, além das crianças dormirem em um lugar mais parecido com o lar, é possível fazer pelo menos uma das refeições com mais calma, com produtos comprados no supermercado. Além de ajudar no caso de alguma criança ter rejeição aos alimentos dos restaurantes locais, é mais saudável e também pode render uma boa economia.
Para o voo, crianças de até dois anos de idade podem viajar no colo dos adultos. Mas, para longas distâncias, vale a pena investir em um assento exclusivo para maior comodidade de todos. Algumas companhias aéreas permitem o uso da cadeirinha ou do bebê conforto, por isso é bom se informar com antecedência. É importante verificar também com a companhia aérea escolhida se ela oferece algum serviço especial como, por exemplo, um cardápio infantil. Muitas vezes esses serviços existem, porém não são amplamente divulgados.
Alguns passatempos podem manter as crianças maiores entretidas durante o voo. A dentista Patrícia Viese Vivaldi, mãe da Marina, 13, e do Enrico, 8, mora na Austrália com a família e, sempre que vem ao Brasil ou faz outra viagem internacional com os filhos, ela garante que estejam munidos de itens e acessórios de entretenimento como livros, iPads, uma boa playlist e bons fones de ouvidos que cancelam ruídos. Antecipar a rotina da viagem também é uma de suas estratégias. “Eu tento fazer com que eles entrem antecipadamente no fuso horário, por exemplo, fazendo com que durmam bem tarde e acordem bem cedo na véspera da viagem, para conseguirem dormir no avião”, conta. “Também ofereço a eles uma boa refeição antes de sair de casa, pois assim não passam (muita) fome se a comida do avião for ruim, e ainda levo uns snacks na mala de mão”. Quando a irritação bate forte, Patrícia conta que lança mão do bom e velho Dramin. “Dá um soninho bem bom!”, brinca. “Mas é imprescindível certificar-se com o pediatra sobre o uso ou não deste e outros medicamentos”, alerta.
Se você não quiser deixar a criança ligada nos joguinhos de celulares durante a viagem toda, pode ainda lançar mão de jogos e atividades mais artesanais. Calma, nada elaborado! Pode levar massinha de modelar, o famoso slime, papel para fazer dobradura, jogo de perguntas e respostas de bolso e o bom e velho Jogo do Stop, que precisa apenas de papel e caneta e também ajuda a distrair por um tempinho.
Para os menores, pode levar lápis de cor, alguns desenhos impressos, livros de colorir e alguns adesivos, que garantem uma boa parte do trajeto tranquila. No quesito higiene, os lenços umedecidos são indispensáveis e é sempre bom levar uma muda de roupa na bagagem de mão, para uma troca.
Roteiros e passeios
Quando pensamos em viagens a passeio com crianças, precisamos pensar também na necessidade de adequar o roteiro para elas. Imaginar que os pequenos conseguem andar por horas a pé ou ficar nas longas filas das atrações, sem reclamar, pode azedar a programação de toda a família.
A partir dos seis anos de idade é interessante envolver a criança no planejamento da viagem, mostrando no mapa os lugares e as atrações para despertar a curiosidade e a vontade de fazer os passeios, sempre respeitando o ritmo e as necessidades dos pequenos.
Museus e monumentos são muito interessantes, principalmente se a família já tem o hábito de frequentá-los. Mas uma maratona de museus em uma viagem é algo muito cansativo para a criança que ainda está construindo seu repertório. A dica é ir de leve e alternar os passeios voltados aos adultos com outros mais em sintonia com cada faixa etária, como parques, bosques, aquários, confeitarias, lojas de doces.
Comprar os bilhetes pela internet pode ajudar a minimizar o tempo nas filas das atrações. A maioria delas, nos principais destinos turísticos, contam com passes “fura-filas”, como o Rome Pass, Paris Museum Pass, Berlim Museum Pass, Fast Pass Disney, entre outros. Ah, e uma forma bacana de incentivar as crianças maiores a apreciarem a programação é deixá-las fazer o seu próprio diário de bordo e registrar alguns momentos por meio de fotos e vídeos. Porém, é importante ensinar a elas o prazer da observação e da contemplação sem os celulares. Equacionando as vontades dos adultos com os interesses da turminha, a viagem será um sucesso!
E se viajar com os próprios filhos já demanda muita organização e planejamento, já pensou em viajar com os filhos dos outros?! Seja para levar um sobrinho, o enteado ou afilhado para outro país ou mesmo um amiguinho para fazer companhia quando se tem um filho único, essa é uma baita responsabilidade. Mas quer saber? Pode ser muito divertido também. Que o diga a empresária Cristiane França, que além de ser uma viajante de primeira, sempre foi uma tia e tanto Quando o sobrinho mais velho tinha apenas seis anos, pediu à Cris uma viagem para o Japão. Quando ele completou dez anos, os dois embarcaram para o outro lado do mundo. Ela contou para nós como planejou tudinho e como os dois aproveitaram juntos essa trip!
Mas essa é uma outra história (uma história muito legal!), que eu conto no texto Tia, me leva para o Japão?! Confere lá!
Ah… E como prometi, segue a lista de links!!! 😊
Guias
Infos
- Ministério da Saúde: Como levar seus remédios em uma viagem internacional.
- Portal Consular: Viagem de menores brasileiros ao exterior.
- Modelo: Autorização para Viagem de Menores.
- PF: FAQ - Passaporte para menor de 18 anos.
- Fura-filas
- Comparador
- Sim card/Celular: Uso internacional
Sites & Blogs
- Blog: Eu Viajo com Meus Filhos
- Blog: Viajando com Pimpolhos
- Blog: A Janela Laranja
- Site: Guia da semana - Férias em família
Empatia, uma habilidade essencial para nossos filhos!